A sério, mesmo, só uma criança a brincar
Terça-feira, 6 de Setembro de 2005
O Mal de Montano
Há pouco, num impulso, beijei um livro. Nunca tinha beijado um livro. Nem a Bíblia Sagrada no tempo em que eu tentava contrariar a minha incapacidade para o espiritual.
Há pouco, num impulso, beijei um livro. Beijei "O mal de Montano".
Talvez não fosse "O mal de Montano" que eu queria beijar. Talvez não fosse um livro que eu queria beijar.
Mas foi um livro que eu beijei. Num impulso. Nunca tinha beijado nenhum livro.
Não sei porque é que beijei o livro. Nem interessa. Interessa sim que beijei um livro, num impulso.
De facto, o que interessa é o impulso.
Suponho que só estou a tomar nota deste beijo que dei num livro porque houve um impulso que me levou a beijar "O mal de Montano".
Foi o impulso, a sensação especial que se seguiu a ter cedido ao impulso, que não qualificarei, de beijar um livro.
Porque este registo, esta sequência de caracteres, tem todo o sentido agora que a escrevo apenas porque beijei um livro. Num impulso.
Depois estive a olhar-me ao espelho. A ver quem era este personagem que se tinha deixado, num impulso, beijar um livro, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
E o personagem, do espelho, gesticulou um sorriso, um sorriso com sinais de ter beijado um livro e nos lábios vi-lhe a marca de ter sido beijado por um livro.
amm(4CE)