A sério, mesmo, só uma criança a brincar

Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007
Gurulândia

O meu fundamento é ser capaz do impossível. Passar a correr sobre o banal e colar-me com ambiguidades a incertezas absolutas, contabilidades de números primos afastados pela força do vento moderado a norte do sistema monte junto à estrela cadente.

Todas as manhãs acontece este arrefecer do tempo que resta num clima de suspeitas do costume milenar. Acordo com o real um texto de princípios activos combinados com insatisfação pelas coisas difíceis que fazem a vida parecer-se com uma viagem ao centro da terra prometida por um político activo como um detergente concentrado pelo marketing.

O guru diz que nenhum gesto é impuro e garante que já a seguir o número será perfeito, ajustado ao valor da inflação do desejo e ponderado pelo peso insignificante de um sonho de claras em castelo de mouras encantadas. Jura o guru que não jura por ser conhecedor do futuro e temer acima de tudo o passado com a sua história mal contada pelo sim pelo não pelo talvez não se consiga conhecer para além do primeiro momento em que ainda todo o segredo é pouco.

Não é justo que se queime um destino com um fio de navalha a pena do tigre que já moribundo às riscas desarmadas, inscrito na paisagem apagada pela morte inesperada de Deus todo ponderado em libras de ouro negro de fome e peste ratada pela misteriosa ganância dos dedos que guardam no bolso barragens cheias de suor e sangue azul de febre e cansaço infame. O medo caiu como chuva ácida sobre a multidão aconchegada à sombra dos direitos tortuosamente conseguidos no papel de embrulho da revolução cravada de hipocrisias e insistências em objectivos sem gente nem sentido, trocando tudo por um ai pode ou não pode comprar mais uma lembrança deste dia, desta hora, deste segundo que já cá não está e precisa de ficar marcado na memória imediata do navio mercante que vai à china buscar a mercadoria que compra nadas vazios e alarga alegremente a curva de gauss espalhando em todos os graus o sismo pragmático do contentamento por estar vivo e produzir nem que seja mais um momento branco no alvo do silêncio.


Prólogo


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Quinta-feira, 16 de Agosto de 2007
Verão?

Franca mente com todos os dentes e unhas cada vez que diz pensa logo que existe ânsia na distância da terra com o horror de coisas aos molhos a atafulhar o sótão dos macaquinhos de imitação grosseira, contra a facção que tinha o poder de ficcionar as histórias da caras ou chinas imperiais bem tiradas à noite no terreiro do passo lento do fulano de domingo que plácido clorídrico entra discreto pela montra da loja de porcelanas.

Franca mente todos os dias crónicos agudos, surdos de desespero temperado com saltos do alto da sua importância relativa, improvável sentimento de revisão da matéria dada a baixo custo, saldo de verão mesmo os cegos de nascimento e ocaso do colar roubado em pleno sarau de ginástica ri-te Mica de delgadas mil lâminas que barbeiam mais rápidas que a própria sombra da azinheira que zomba de tudo desde que se tornou ex-trela que prendia o gato e o rato à sua posição de firme convicção e propósito como se fosse sem crer em nada nem ninguém que, como todo-o-mundo, sabe tão pouco que não chega a saber que não sabe.

Franca mente orgulhosa mente feliz mente, uma família inglesa criada e nada que se aproveite no mar da ignorância resoluta a subir com o aquecimento glu-glu como o peru que morre no natal dos animais que nunca souberam falar de carne e de peixe e de outras formas rudimentares de vida extra-terrestre de aquém e de além marte da guerra dos sem ânus que por tal rebentariam de riso com a forma oca dos que sofrem por agosto e com sentimento, delirante de conteúdo e reforma que haverá quem pague uma excentricidadezinha do interior desde que não seja o meu próximo a saber de onde vem a sorte.

Franca mente deliberada mente oficial mente da noite para o dia, filha de mãe em código morsa de dentes afiados pela rebarbadora mor do treino, fogo fátuo de gala e gola comprida, beira alta, virada para a direita de prior, idade média a rondar os mil menos poucos e bons pais de família que se ficam bem à mesa do orçamento grátis pelo correio sentimental e físico imoral como todas a muralhas que seguram a legítima verdade do reino.

Franca mente de mente e corpo são domingos e dias livres da prisão de ventre que dança com lobos nossos irmãos pela parte da mãe natureza morta de tédio e boy de jogo electrónico sorteado num sem curso nem diz coisa com coisa nossa de cada diagnóstico que crê no que não vê à noite quando os gratos são parcos e na dízima infinita periódica se somam totais e notas de música trocada por miúdos com guitarras e lérias, trocadilhos e troca de ilhas e penínsulas conforme as estranhas doenças que pairam na frente genética que me perdoa os pecados da culpa molecular.

Franca mente social mente frontal mente como tem que ser para ser como deve ser e mostrar à exaustão as coisas que ela ainda não viu nem quis ver com medo de ter medo do que poderia ver.


Prólogo


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Domingo, 13 de Maio de 2007
Fatídica

Às vezes vem de fora a razão, pedaço de intrusão que semente e germe em árvores hierárquicas de sons iluminados pela lâmpada de Alá, digno denota quando detona a explosão de ar inchado de orgulho pátrio e mau trio admira que não saibas as últimas derradeiras invenções ocasionais da sociedade com sumo de fruta da época clássica. Eu vi, com estes olhos que a terra há-de temer por serem escuros de luz negra fechada no subterrâneo ruidoso minado de nome e nado vivo a treze desmaio cansado de tanta importância despedida por mau apartamento com duas ou mais atoalhadas combinações de certezas com rigor mortis e funeral combinado dois em um vitalício para sempre ou até que a sorte os separe nas fases orgânicas e angulosas do ritmo concêntrico, como é possível que não aconteça nada quando acontece alguma coisa que não esperamos que seja o que já aconteceu e então vemos que não. Foi assim de madrugada a cama destapada e o sol esfrangalhado dançando perdido pelo éter retumbante de ondas com vozes misturadas de imagens gastas e fartas de serem cera que derrete outra vez numa forma deformada e parada, sem olhos, sem mãos, sem carteira nem beira mar plantado de urgência numa viagem a pé ante pé até ao fim da linha âncora e corrente de lava mais branco que a neve que derrete o mais endurecido dos ruminantes enfiados contra as tábuas com dores de cabeça repetidas até o vermelho se embaciar de negro e derrubar outro ditador no ciclo infernal de casas alugadas aos seis meses de véspera por não saber que logo a seguir há uma nesga de céu por onde passa trincada às doze baldadas que se esqueceram que tinham marcado um encontro com o destino e o tino que se entregou à sorte grande para saber mais do que os outros que gostavam de se esquecer que viviam para lá do que era possível e não era possível aparecer nem ser na têvê que só vê o que é mais perto do que é aviltante e não esquece que é verdade o que já passou há muitos anos quando ainda aconteciam coisas bizarras à porta de cada casa e não era preciso importar galões de gasolina para peregrinar as ilusões. Mas, e há sempre um mastim que é fiel e por isso morde com precisão enquanto defende o seu bem e os bens dos que são bem e sabem bem onde está o bem e como está bem de ver não interessa onde se quer chegar quando não se quer chegar a lado algum mas se sabe por interposta pessoa que há quem conte à noite os contos que tinham ficado por contar na manhã anterior e com tudo isso se agradeça ao seu a seu dono do mundo e arredores e nós, que ficamos apegados às coisas fúteis da diversidade que há na cidade e da diversão que há na são tomamos com o olhar que não vê porque é melhor não ver do que nevar à noite quando ainda o frio do riso quente se sente a brilhar no modelo incontinente da tal razão que vem de fora e só estorva.


Prólogo


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Quarta-feira, 18 de Abril de 2007
Genérico

Não existe um amor genérico. O amor tem sempre marca, e marca por ser amor. O amor que existe, quando existe, declara-se a uma entidade concreta, material e insubstituível. É assim a natureza dogmática do amor. Não vai pela margem das coisas, encosta-se directamente ao centro e centra-se no concreto. Não é genérico o amor. Cola-se com veemência à pele e impede a regular respiração dos poros. Exige, como se não houvesse tempo, a urgência do tempo todo e esquece as prosaicas questões do real e do sentido. Para o amor o sentido é tão só aquilo que sente e que não traz à razão, e nunca a razão que, por qualquer razão, traz o sentir. Aquilo que o amor sente é sentido mas não tem sentido nem espera sentido porque por ser amor não espera. E não há nada de genérico no amor. É por isso que o que se diz do amor, como por exemplo isto que eu digo do amor, é sempre um disparate. Não é transmissível a ideia de amor. Só seria transmissível se se desse o caso de o amor ser genérico e poder, sujeito aos artifícios da comunicação, radicar em códigos que não fossem absolutamente únicos de cada vez. Um dia se descobrirá, se houver tempo, a incontornável descontinuidade do amor, e a forma unívoca como, qual um código genético, o amor se manifesta. Num certo sentido chamar amor ao amor já é uma facilidade de linguagem que pressupõe alguma espécie de afinidade entre coisas tão diferentes. Porque o amor é absolutamente unívoco. Tão unívoco que não é o mesmo que vai de A para B e de B para A. Funciona, às vezes, como uma vibração harmónica, descrita, quem sabe se por uma sobreposição absolutamente única de ondas sinusoidais perfeitas. Mas não tem nada de genérico. Fervilha de intensidade própria e, por vezes, basta-se a si próprio, ignorante de totalidades e forças transversais. Fica no centro de tudo e transforma o centro em margem, trazendo o paradoxo para a simetria dos dias. Genérico seria se se pudessem dizer coisas concretas que fossem capazes de englobar o amor sem nos estarmos sempre a contradizer. Isso sim, seria genérico. Dizia amor, e toda a gente sentiria a mesma picada na espinha. Para isso bastava uma palavra e ficava tudo dito. Como dizer água ou céu ou luz. Palavras genéricas para ideias genéricas para pessoas genéricas. Amor não. Há sempre uma outra coisa que ainda não se disse e não é bem assim, estão completamente enganados, não tem nada a ver com isso, nem penses, não é isso que eu sinto, nem pensar, está tudo ao contrário, que disparate. Não. O amor é uma doença do indivíduo. Doença sempre rara, sempre incurável, sempre mortal. Mas nunca genérica.


Prólogo


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