A sério, mesmo, só uma criança a brincar
Quarta-feira, 18 de Outubro de 2006
Requerimento

Eu, abaixo assassinado, venho por este meio requerer aquém e além mar de gente vulgar mente com os dentes postiços todos os dias santos e domingos de ramos altos castelos, verdes e amarelos canários na gaiola das malucas mulheres perdidas em série e mulheres sérias perdidas no labirinto de Creta novas leis para abortar o pensamento que o machado corta pela raíz cúbica no volume elevado do som da voz do dono da bola azul cobalto está alto mora todos o vêem e ninguém o atura a gemer imprecações sobre o futuro e o passado desastrado em partes de leão na selva de cimento armado cavaleiro para libertar a avenida de Ceuta das convulsões mecânicas e satânicas sublinhadas com marcador verde eléctrico no Cais do Sodré e não te magoas por levares capacete de aço inoxidável adaptável à evolução dos tempos mortos das pausas para o café esplanada nicola com erros de português e de castelhano a comprar uma aljuba rota por tuta-e-meia volta-volver e devolver o que é nosso a quem não tem nada na profundidade da barragem de fogo preso à lei contra os incêndios das escadas e das almas-penadas e dos corações ao lado esquerdo de quem vê de frente para os olhos de água salobra de santa Engrácia no Carmo ou na Trindade divina da vinha e do vinho que faz uma civilização e depois se corrói com outras drogas estranhas de psicotrópicos ilegais como os imigrantes que chegam como nós carregados de ilusões e ficam satisfeitos com a sopa dos pobres por se estar bem aqui a sobreviver como quem aprende a não ter que saber mais do que a conta da água e da luz e do dinheiro que falta para um euro por dia ou um dólar, tanto faz para atravessar o limiar da fome que acorda o impulso que há em si de investir na bolsa e na energia e na diferença que faz a indiferença perante o movimento uniforme que mente acelerado no vácuo absoluto do Deus único e de serviço permanente sem horário de trabalho e de descanso, tirando um escasso dia em toda a eternidade e é pouco para quem se levanta cedo e não se deita, não chega, anda cansado, deveria tirar férias a alguém, passar uns tempos noutro universo paralelo que pudesse dar-Lhe descanso eterno e ideias brilhantes e com a experiência adquirida fazer nova tentativa, com novos modelos, mais sofisticados, mais ousados, menos agachados às instâncias do poder e menos passíveis de corrupção e de medo e não sei que outras coisas porque a minha profissão, graças a Deus, é não ser Deus e, por isso, não tenho que pensar nem no meu futuro nem no futuro inebriante dos outros que estão aqui ao lado e, por enquanto, não sei quem são nem o que querem, admitindo que querem alguma coisa mas, admito, tem sido difícil chegarmos a um acordo e por isso o melhor é dormir pelo que peça de ferimento.


Prólogo



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Terça-feira, 3 de Outubro de 2006
Entretanto

Tretas, dizes tu com toda a razão do teu lado e eu sozinho, aqui, em vez de mal acompanhado como no inferno cheio de boas intenções a empinar o melodrama até a trama das coisas quentes que caem do céu aos trambolhões como a casa em que não há pão nem vinho nem o céu do nosso descontentamento desviado para o lado pela força de segurança regressiva, uma fonte que planeia a todo o custo reservar o lado de si própria para a força oculta que se mostra com timidez cor de laranja ainda verde nas ocasiões mais impróprias para consumo, pontífice de lado a lado como a cobra que se cobre de pele de vaca morta num acidente de viciação consentida e desmaiada da pior maneira virgem de oliveira cruzada sobre a vinha que ia até ao fim da estrada apagada do mapa genético pelas horizontais praias lusitanas prenhes de areais cinzeiros destapados pela gula ululante dos gládios envelhecidos como cascos de cavalos a vapor decididos a revelar a história mal contada e mal curada pela árvore que dos tamancos fez alpercatas dominadas por tudo o que é razão de não ser nem pensar para quê se não sabes o que tens a não dizer, e então porque não, se é assim que todos fazem não vamos agora melhorar o mundo do pé para mão só porque nos apetece por um egoísmo malvado e manipulado por mãos de vime e fui-me embora outra vez desolado, desossado, desobrigado de obedecer à colecção do arquivo central da torre do tombo dado às escuras sobre o planalto uniforme da morte que tudo leva democrática como a prática do aprendiz que tudo faz para não fazer nada e assume perante todos que o que sabe a ele o deve e nunca mais lhe vai pagar porque não tem crédito na banca de jornais onde mais tarde ou mais cedo o lume se apaga em tochas de carvão activado para carbono puro diamante polido e valente de espadas e cardos ordenados ao longo da estrada para pagamento adiantado das folhas de eucalipto que tu, barão somas a seguir ao acordo em que estavas depois de ter adormecido na forma de bolos atrás da cruz quebrada de pedra que nunca mais é desconcertada pelas palavras inconvenientes que ocorrem ou andam de vagar que se vai ao longe na distância da Terra à tua casa com um solteiro velho e rico de intenções de ouro amarelo canário a piar à noite na cadeia de vontades que faz crescer o pão que o diabo comprou no supermercado das fraldas descartáveis de pano de abertura de palco com pó de talco tal e qual como te tinha dito antes de saber que havia um lugar remoto controlado pelo dedo de Deus.

Prólogo



publicado por prólogo às 18:45
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